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MOVIMENTO DE APOIO À AGRICULTURA FAMILIAR E AGROECOLOGIA: O PROTAGONISMO DA JUVENTUDE DO CAMPO

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A história descreve juventude, assim como a ciência, como indivíduos com um recorte etário, todavia, sujeitos cujas experiências são diversas e desiguais. Um novo conceito vem sendo estudado, que inclua a multiplicidade dos jovens, traga a força das “juventudes”, discuta as maiores problemáticas que o grupo enfrenta, suas conquistas e vitórias. Conceito pelo qual traga esses indivíduos em movimento, em construção da própria historia e do seu caráter social, indivíduos que devem ser vistos pela ocular de estarem inseridos numa complexa sociedade e suas dimensões sociais, culturais, politicas e econômicas.

Entender a juventude é dá voz e vez aos grupos existentes nessa categoria, que por muito tempo foram deixados de lado. Nesse aspecto, juventude rural é ainda um tema delicado principalmente no que diz respeito ao drama da sucessão rural, no caso da agricultura familiar. O meio rural ainda apresenta falta de condições adequadas, tecnologias e uma educação voltada para o campo (contando com ensino, cultura e lazer) para possibilitar a permanência dos jovens rurais.

No Recôncavo baiano essa característica infelizmente ainda é uma questão que deve ser fortemente avaliada. Caracterizado pela força da agricultura familiar e pelo associativismo, o Recôncavo da Bahia1, tem a sua diversidade cultural amparada nas suas belezas naturais, no seu amplo patrimônio histórico-social, no qual sempre é resgatada a história do povo negro. Porém a juventude não foi devidamente apresentada a essa gama história, logo, é notória a desvalorização dessas questões pela maioria da juventude.

Nesse contexto, o Grupo AGROVIDA – Movimento de Apoio a Agricultura Familiar e Agroecologia é uma entidade civil, sem fins lucrativos, fundado em 12 de fevereiro de 2004 e tem como missão: “Desenvolver e experimentar metodologias participativas com professores, estudantes, agricultores familiares (homens, mulheres e jovens), técnicos (as) e gestores (as) rurais, inseridos no contexto humano e social da Agricultura Familiar e Agroecologia que, através de práticas educativas, visam contribuir para o desenvolvimento e autoafirmação do rural sustentável no Recôncavo da Bahia”.

A associação é dirigida e coordenada por jovens, que discutem e executam propostas voltadas para a temática agricultura familiar e agroecologia dentro e fora do ambiente universitário. O AGROVIDA tem em execução uma chamada pública de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), que indiretamente atende jovens do campo, visto que estes fazem parte e contribuem significativamente na unidade de produção familiar-UPF. A partir de estudos, trocas de saberes e experiências, a associação se firma com um quadro de discentes de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas, contando com a orientação acadêmica de docentes da área em questão. Os temas de interesse versam sobre: gênero; juventude rural; agricultura familiar; organização social; políticas públicas; agroecologia; segurança alimentar; soberania alimentar; educação do campo; dentre outros temas voltados ao empoderamento da agricultura familiar.

O AGROVIDA desde 2005 promove encontros sobre agroecologia e agricultura familiar para possibilitar o diálogo entre universidade, comunidades de agricultores familiares, sociedade civil organizada e poderes públicos, sobre a importância destas temáticas para o desenvolvimento socioambiental sustentável e solidário. O Encontro se constitui em um espaço político, educacional e social de reflexão e de reivindicação em torno das demandas da agricultura familiar, originadas tanto pela sociedade, quanto pela academia.

Em 2015, o AGROVIDA realizou módulos de formação política sobre temas variados, ministrados por membros egressos da associação e demais organizações parceiras. A partir de fevereiro desse mesmo ano deu-se início aos SEMINAGRO’s, seminários semanais, nos quais são abordados temas como agricultura familiar e agroecologia, seus dilemas, desafios e conquistas; mulheres, jovens e negras (os) na questão agrária; movimentos sociais, economia solidária, crise hídrica; entre outros, no ambiente da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, se firmando como um espaço de formação. Buscamos a cada ATER trabalhar com jovens multiplicadores, visando o reconhecimento e aceitação enquanto indivíduo pertencente do espaço rural. Além dessas atividades, participamos de cursos, escolas de formações e demais eventos realizados por outras entidades que contribuam com nossa formação e dialoguem com nossas pautas.

Assim, o grupo vem atuando para contribuir com a formação profissional e cidadã dos estudantes e para promoção do Desenvolvimento Rural Sustentável. Tendo em vista que o estudante e futuro profissional, deve ter uma visão diferenciada com relação aos aspectos abordados e para além desses, construindo um perfil de extensionista capacitado para atuar junto com os indivíduos que compõe o espaço rural.

Coletivo Grupo Agrovida – Movimento de Apoio à Agricultura Familiar e Agroecologia

[¹] A região foi o berço do samba brasileiro, tendo sido o lugar onde, por volta de 1860, teriam surgido as primeiras manifestações do samba de roda, gênero musical recentemente proclamado como Obra Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO, e por volta de 1650 da capoeira.