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Daniel Vaz: Fogo amigo aquece disputa pelo cargo de Secretário Nacional de Juventude

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Mesmo com estrutura indefinida desde outubro de 2015, órgão volta a ser alvo de disputa por setores da base do governo federal.

Mais um capítulo sobre a Secretaria Nacional de Juventude no 2º mandato da Presidenta Dilma Rousseff vem sendo escrito nos corredores de Brasília. Se em 2015 o enredo foi inspirado na ameaça de continuidade do órgão, 2016 apresenta doses de ação e aventura pela disputa da cadeira de titular dessa pasta.

Para que não percamos o roteiro de cobertura desse caso pelo Infojovem, retomamos ao final do ano passado, quando noticiamos que haviam sido acolhidas pela comissão mista entre Câmara e Senado, responsável pela análise da Medida Provisória 696/2015, emendas à MP que transferiam a SNJ e atualizava a denominação do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, incluindo o termo Juventude.

A situação atual desse processo é que ele anda estacionado no Congresso Nacional, e a SNJ segue vinculada formalmente à Secretaria de Governo da Presidência da República, desfalcada de cerca de 1/3 de sua estrutura anterior, pelo grande corte orçamentário realizado em todo o governo federal e a perda das gratificações oferecidas aos funcionários de carreira que trabalhavam no órgão, e que, pela indefinição sobre os rumos do órgão, voltaram às suas funções de origem,

As informações apuradas dão conta das movimentações de agrupamentos interessados em ocupar o posto de Gabriel Medina de Toledo, atual Secretário Nacional de Juventude, todas vinculadas a setores do próprio Partido dos Trabalhadores interessados em ocupar o cargo. A disputa política está passando pela Câmara dos Deputados, Ministérios e agrupamentos da base social do partido. Entre os nomes que surgiram como alternativa a Medina temos ex-presidente do Conjuve – Conselho Nacional de Juventude, antigo assessor da SNJ, gestor estadual de juventude indicado por ex-ministra e líder jovem de central sindical do campo político, a movimentação atual está realmente bastante volumosa, apesar do reinício do ano político em Brasília ter sido tão recente e tudo isso ainda estar apenas nos bastidores.

No exercício do mandato, o Secretário Gabriel constrói o seu segundo ano de mandato aparentemente confiante na força da aliança entre o seu campo político e o PCdoB, a principal força política atuante nos movimentos de juventude, ao encaminhar nesse ano iniciativas de fortalecimento do direito à meia-entrada, além da criação do cadastro ID Jovem, programa de identificação e acesso a direitos a jovens de baixa renda, que ainda carece de apresentação oficial, a parte destinada ao tema na página juventude.gov.br  está no ar, mas não possuía nenhum conteúdo explicativo disponível ao público até a publicação desse texto.

Parece que as coisas não seguem com perspectivas muito favoráveis, com cortes orçamentários, diminuição de equipe, indefinições sobre o lugar no governo da SNJ, e agora, mais recentemente, a disputa estabelecida pelo cargo de Secretário. Não é o caso de dizer que esse cenário é de responsabilidade do ocupante atual do posto, pois é fácil  percebermos a situação política conturbada pela qual passa o governo federal, estamos falando de apenas mais uma área afetada por crises política e econômica que estão instaladas em Brasília há pelo menos 1 ano.

A disputa política é algo natural de acontecer nesse cenário que estamos analisando. O que não deve ser permitido é que esse processo se restrinja apenas a nomes e interesses de agrupamentos, e não às ideias sobre o lugar da juventude brasileira nesse momento atual, de aumento das dificuldades econômicas, desemprego, a situação complicada (para dizer o mínimo) da educação pública de níveis estaduais e municipais e uma sensação de que a juventude vê ameaçada uma série de direitos conquistados a partir do período de avanço nas políticas públicas do Brasil relacionadas a esse tema desde a metade da década passada.

Por aqui estaremos atentos ao andamento desse processo, pronto a informar sobre próximos capítulos da nova temporada dessa minissérie da vida real.

Daniel Vaz é publicitário, Mestre em Comunicação, fundador da ONG Opção Brasil, e representa a mesma na Secretaria Executiva da Seção Brasileira de Participação Social da Unasul – União Sul-Americana de Nações, e Mercosul – Mercado Comum do Sul. Desempenha também as funções de Coordenador-geral da UNIJUV – Universidade da Juventude e de Vice-presidente da AUALCPI – Associação das Universidades da América Latina e Caribe pela Integração.

** As opiniões apresentadas nesse texto são de responsabilidade do seu autor.