Por que construir uma organização nacional de Casas da Cultura Hip Hop?

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Por que construir uma organização nacional de Casas da Cultura Hip Hop?

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Atuar em movimentos não significa que vamos homogeneizar a Cultura Hip Hop. Pelo contrário, a cultura é naturalmente avessa à uniformização por que ela é resultado da relação dinâmica entre os homens e as classes sociais. Por isso, sempre que a mídia comercial burguesa (Leia-se P.I.G.) tenta padronizar uma estética cultural surgem novos estilos antiestéticos. A unidade possível entre os artistas é aquela que se dá no campo político e não na estética.

Um artista orgânico é um intelectual orgânico, conforme explica Gramsci. E é orgânico por está organicamente ligado a sua classe. Ele produz cultura conscientemente para sua classe. No entanto, o elemento que os ligam organicamente a sua classe são os movimentos e os partidos. Alguns honestamente, mas, equivocamente, defendem a não politização da cultura e sua independência política. Nós não pensamos assim. Queremos que as organizações de Hip Hop sejam suprapartidárias sim, mas, a independência que defendemos é em relação aos governos, aos empresários e a mídia comercial burguesa (Leia-se P.I.G.).

O Hip Hop que tanto jurou independência política a periferia está sendo instrumentalizado pelos governos e pelo grande capital. Nesse sentido queremos avançar no debate apresentando a Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político  via Cooperartiva de Arranjos Produtivos e Comercio Justo e Solidario Rede Nacional das Casas da Cultura Hip Hop que foi formulada em 2013 e que, ainda em construção, pretende ser uma das alternativas para as juventudes que buscam se organizar em torno da Cultura Hip Hop e sua cadeia produtiva, tecnologias sociais, ativismo artístico e político e de insurgência contra o estado Militarizado e seus mantenedores.

Na rede, o poder pessoal, tradicionalmente vivido como poder sobre os outros ou sobre as coisas, se expressa como potência de realizar objetivos compartilhados. É claro que “a rede ‘simbiótica’, na qual todos os atores colaboram com uma obra comum em pé de igualdade e com zelo permanente, não existe, é ilusória”. O que há é um esforço individual e coletivo para a superação da cultura autoritária. Há uma permanente tensão entre as tendências competitivas e as que reforçam o compartilhamento e a cooperação. 

Pode ate soar como anarquismo, mas a real não é esta, a  Cooperartiva de Arranjos Produtivos e Comercio Justo e Solidario Rede Nacional das Casas da Cultura Hip Hop visa uma produção, distribuição e gerenciamento de produtos das vertentes da Cultura Hip Hop em Movimento Social comprometida com sua essência, comprometida com os descamisados do mundo, com os homossexuais, com as mulheres, com os pretos e pretas, comprometida com a humanização dos seres humanos e no entanto comunal, pois, por dezenas de milhares de anos a vida humana era comunitária, ou seja, comunal. O próprio desenvolvimento histórico levou a uma situação em que uma minoria se apropriou do que era comum a todos, se apropriou dos meios de produção da vida, e do resultado do trabalho da maioria.

Criou-se assim a sociedade de classes – uma classe dominante e outra dominada – e, por conseqüência, a luta de classes. O Estado foi a máquina que surgiu para garantir o bom funcionamento dessa exploração de uma classe sobre a outra. Com seus órgãos políticos, jurídicos e ideológicos o Estado é o organismo que ordena a nossa subalternização. Ele só existe por que existem dominantes e dominados.

Arriscamo-nos a potencializar potenciais em outra dimensão que a Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político pode e deve assumir a partir de uma visão mais ampla e contemporânea deste conceito. Nos referidos às dinâmicas de sociabilidade, às tecnologias de convivência, ao diálogo, às conversações em redes. Sistemas de intercâmbio e inter-relação reforçados pelo surgimento das novas tecnologias, mas não exclusivos aos territórios virtuais, mas de forma orgânica, ativa e critica, tendo a práxis revolucionaria como um farol voltado para as novas formas de expressão e convivência que podemos construir a partir do conhecimento disponível.

A ética como princípio norteador. A consolidação da economia como ciência dominante em nosso tempo fez com que subordinássemos todas as outras formas de manifestação humana como fenômenos derivativos, seguindo uma lógica e uma codificação próprias. E com a Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político não esta sendo diferente e daí vem a tentação de transformar ricas manifestações culturais em commodities baratas, manuseadas de maneira rasteira e linear por profissionais reprodutores de um conjunto de regras e tecnologias que só interessam à manutenção de um perverso sistema de poder, que se sustenta, sobretudo pelo domínio dos meios de produção e  distribuição de conteúdos culturais, subordinando e acumulando e detrimento da liberdade e essência nas tradições.

ENTÃO POR QUE UMA Cooperativa de Arranjos Produtivos e Comercio Justo e Solidario Rede Nacional das Casas da Cultura Hip Hop ORGÂNICA NESTE CONTEXTO?

Estamos vivendo um momento impar na História recente da Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político, discutindo a Cultura Hip Hop como patrimônio cultural de importância nacional, projetos de lei controversos, mal escritos, Semanas da Cultura Hip Hop municipais e estaduais espalhadas pelo Brasil todo como política publica (e não de governo) editais municipais e estaduais de fomento especifico e tantas e tantas outras ações.

O futuro político de uma parte significativa das juventudes preta e pobre e residente nas periferias deste país estão estritamente ligadas ao futuro da Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político. Num país de forte tradição oral e de juventudes com baixa escolaridade essa perspectiva se reforça mais ainda.

Neste sentido, nossa pretensão é demonstrar que a “uma nova ofensiva” contra e a favor da Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político tem como objetivo, em um âmbito, bloquear o surgimento de uma nova leva de artistas hiphopianos politicamente engajados e em outro potencializar o surgimento ou ressurgimento de um levante de militantes engajados, escolarizados e combativos.

Em outras palavras, uma nova “década de 1990”, período áureo da Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político brasileiro, não pode se repetir de forma alguma no país com a maior desigualdade econômica – étnica e social do mundo. Acrescenta-se a isso, o atual contexto de luta política que se abriu no país desde as ”jornadas de junho” e que, não por acaso, foi protagonizada pelas juventudes. Essa é a premissa que nos apoiamos para fazer o debate com os adeptos da Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político no Brasil.

Em primeiro lugar queremos lembrar que todos os processos revolucionários do século XX aconteceram com a participação ativa das juventudes. As juventudes que tem uma tendência a rebelião, a negar modelos, a questionar o mundo em que vivem e que não estão ainda com a ideologia das classes dominantes consolidada em suas consciências. Esse é um problema que a burguesia teve que enfrentar ao longo da história, inclusive com sua própria juventude. Esse é o problema que nós temos que enfrentar com mais segurança para entender o que está acontecendo com a Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político brasileiro. Os mestres do Hip Hop que hoje se debandam para o conformismo político e que, por cima, aconselham as juventudes hiphopiana a jogar a toalha no primeiro round da luta de classe, são os mesmos que na década de 1990 expressaram o mais legitimo sentimento de indignação anticapitalista da história das periferias brasileiras.

Então o que foi que aconteceu? Alguns desses artistas “militantes” têm mais de 40 anos e estão preocupados em arrumar a vida e fazer seu “pezinho de meia”, afinal de contas a Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político não garante aposentadoria para ninguém. Esses mestres já cumpriram uma linda etapa política, fizeram pelas juventudes pretas e afaveladas muito mais do que os bancos escolares, ONGs, Institutos e Governantes fizeram juntos. Isso, porém, não lhes dá o direito de botar para dormir quem ainda está acordando para o mundo. Não são mais jovens, como foram na década de 1990, mas nem por isso devem esquecer aquela década.

Nós, ao contrário, queremos relembrá-la. Nunca na história deste país, desde a abolição da escravatura, as juventudes pretas e pobres das periferias do Brasil foram politicamente tão ativas como na década de 1990. De objetos das pesquisas acadêmicas tornaram-se verdadeiros “sociólogos sem diplomas” tomando para si as rédeas de seu próprio futuro. No inicio daquela década os mais velhos tinham em média 20 anos. A academia tentava pesquisar a periferia e se chocava com a periferia pesquisando a si própria. As canções de rap, as coreografias, as escritas de Graffiti e os riscos dos DJs tornaram-se verdadeiras teses políticas produzidas por gente doutorada em sofrer racismo, repressão policial e desemprego estrutural. A burguesia assistia atônita as juventudes sem escolarização, debruçada nos “livros cantados” da periferia com um prazer de dar inveja aos grandes pedagogos ligados ao Banco Mundial.

Alguns chegaram mesmo a entrar na faculdade via Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político. Muitos jovens que foram recrutados por esse movimento das entranhas das “posses” de Hip Hop que proliferaram em Guarulhos, São Paulo e grande ABCD na década de 1990 hoje são profissionais da educação básica, alguns são professores de universidades, mas a maioria militantes políticos da esquerda nacional brasileira e mundial.

Das oralidade surgiram e brotaram os livros impressos. Dezenas de artistas ligados a Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político publicaram livros nos últimos dez anos por todo o Brasil a exemplo Ferrez, MV Bill, Dexter, Afro X, GOG, Preto Góes, Eduardo, ex-Facção Central, Toni C. Israel Literatura Suburbana, Alessandro Buzo, Akins Kinte, Dugueto Shabaz e muitos outros e outras. Uma “literatura marginal” impossível de existir sem a existência de um movimento que serviu de abrigo a jovens marginalizados. Em suma, a década mais reacionária do século XX viu nascer o germe das juventudes no mínimo anticapitalista, alguns declaradamente socialistas e marxistas. Só que na visão da burguesia esse fenômeno não poderia vingar por muito tempo.

Naquela década, a de 1990, houve uma incrível perseguição a Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político e outros movimentos contestadores e de enfrentamento a um modelo de sistema que na opressão potencializava sua dominação com mãos de ferro. Em 1994, sob a acusação de “incitação a violência”, os grupos Racionais e MRN seriam detidos em show no Vale do Anhangabaú-SP. No final do show o público revoltado apedrejou os policiais e depredou uma viatura. Nesse mesmo ano o Rapper Big Richard também foi detido pelo mesmo motivo.  Em 1999, o videoclipe da musica “Isso Aqui é uma guerra” do grupo Facção Central foi censurado por apologia ao crime. Em 2000, o videoclipe Soldado do Morro de Rapper MV Bill também seria acusado de apologia ao crime, entre tantos outros casos. 

Onde tinha organização da Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político e militante, igualmente tinham problemas seriíssimos com a polícia, o Estado os considerava “um grupo de ameaça à ordem”. No entanto, quanto mais perseguidos pelo Estado, mais legitimados eram pela periferia. É claro que o afavelado sempre foi um problema para o Estado, mas não um problema político de envergadura tão grande. Seria preciso quebrar as pernas de quem estava caminhando rápido demais, a Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político precisava ser domesticada e assim foi feito. A burguesia atuou no silêncio, captou para o seu projeto político uma fatia importante da militância. Inimigos históricos se solidarizam em programas de televisão ou nos gabinetes políticos.  

O PIG (Partido da Imprensa Golpista) vira a menina dos olhos dos adeptos da temática de rima improvisada Regininha Casé utiliza as culturas marginais para mostrar ao mundo que o Brasil possui “democracia racial” e “harmonia de classe”. Em 2007 Mano Brow criticava pesadamente as ostentações do jogador Ronaldo “o fenômeno” ao afirmar que “o Ronaldinho comprou uma Ferrari de 500 mil dólares, 600 mil dólares. Só os juros disso aí… morou, mano? Mete um seqüestro nele, dá um meio de sumiço nele pra ver se ele não pára com essa putaria” (Revista Trip). Hoje, o mesmo financia e aparece em videoclipe de Pancadão Ostentação, Ice-Blue, vocalista do Racionais, aparece no videoclipe “Estilo Gangstar” ao lado do mesmo Ronaldo, cercados de carrões e mulheres.  Já Edy Rock, também do Racionais, disse em entrevista a TV Globo que “rap é negócio”.

Em meio às convulsões sociais o Hip Hop pinta em cores harmônicas a relação entre a periferia e os jardins. Nunca o Hip Hop foi tão requisitado pela mídia comercial burguesa. Quem está assustado com tudo isso, se prepare, a ofensiva vai aumentar. Os ataques a periferia estão se intensificando por que a periferia não foi a grande protagonista das jornadas de junho, e sim um setor médio da classe trabalhadora, os mais escolarizados. Uma parcela da Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político que tanto decantou a revolução, se entrincheirou, se escondeu ou se omitiu.

E como o governo teve que fazer pequenas concessões aos setores que lutaram alguém teria que pagar o pato; sobrou para a periferia. A cooptação de alguns é apenas uma expressão dos ataques à periferia. A burguesia que coopta é a mesma que massacra, a mesma que está batendo mais forte na população preta, a mesma que afaga com mais carinho o Hip Hop. Enquanto a multidão trocava os programas de televisão pelas ruas, o Hip Hop trocava às ruas pelos programas de televisão. Já a polícia subia o morro para aumentar o tradicional genocidio de gente preta e pobre. A favela, sem organização política, pagava pela ousadia das juventudes e da classe trabalhadora organizada.

O processo de cooptação foi acelerado devido às jornadas de junho, sendo preciso segurar a favela na imobilidade política, para que a mesma não explodisse com a multidão.  Por outro lado, alguns grupos da Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político estão sendo caçados e ate com integrantes processados e/ou chacinados.

Hoje os artistas mais glamourizados pela mídia são os mais jovens. A matemática não é exatamente quantos DMN’s, Filosofia de Rua e Racionais MC’s a burguesia pode cooptar, mas quantos Emicidas, Flora Matos, Projotas, Pollos e etc eles podem colocar na linha de produção. O fator juventude tem mais peso. Não há muita diferença política entre as músicas do Emicida e do Racionais. Os discursos também convergem. Sendo assim, para a burguesia já não se trata tanto de ganhar o Racionais, o GOG, etc., pois esses há muito tempo mudaram o discurso. A questão central é impedir uma nova “década de 1990” na Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político.  E essa nova onda só seria possível com a juventude à frente.  

Hoje estão mais a vontade, pois no próprio meio do têm aqueles que defendem sua elitização. Outros dizem que a Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político deve servir para gerar emprego. Triste ilusão: fábrica aberta, empresa falida. Contudo, há um perigo eminente para a burguesia. A maioria desses jovens irão se decepcionar ao perceberem que a porta do sucesso não é tão larga quanto se pensa. São jovens e podem mudar o pensamento e a postura. Por isso, já não se trata mais de regenerar os mais antigos, mas de rejuvenescer o Movimento. 

E aqui entramos no ponto mais importante: o da construção de Movimentos Organizados com forte peso juvenil, com uma bem instrumentalizada e organizada intencionalidade. Não dá para jogar para cima de grupos ditos de “Velha” e “Nova Escola” a responsabilidade pelo processo de degeneração da Cultura Hip Hop em Movimento Social e Político brasileira. Esses indivíduos são artistas e não militantes, ou seja, não são artistas militantes.  Afinal de contas eles estão traindo o que? Qual projeto? Qual programa? Vamos ficar cobrando que o Brown de 42 anos seja fiel aos ensinamentos do Brown de 20 anos? Na ausência de organizações políticas a juventude segue os homens individualmente.

Esta militancia de outrora nunca teve (a nosso ver) programa e nem projeto coletivo, apenas um discurso muito inteligente, radicalizado, etnico e classista. Uma legião de jovens abraçou isso, nada mais. O problema é que as pessoas mudam. O que pode ficar então para as futuras gerações? As organizações e os seus programas ficam. Se vão atender os anseios de suas bases sociais é outro debate. Não da para enfrentar uma das burguesias mais poderosas do mundo só cantando rap politizado.

A classe/etnia que criou um dos mitos mais importante do século XX, o da democracia racial, jamais permitiria que uma juventude sem programa e sem projeto político estratégico mudasse a estrutura do Brasil. A maioria dos mais antigos apostaram todas as suas fichas no Partido dos Trabalhadores. A decepção com o governo, pelos sucessivos casos de corrupção, empurrou esses artistas para a desilusão política. A descrença política destruiu a crença na capacidade de organização política da própria periferia. Não se propuseram construir movimentos organizados por que depositaram todas as suas esperanças no governo do PT. Não percebem como o PT os deixou sem chão e sem discurso, este mesmo governo com um programa claramente burguês, apesar do apoio popular que tinha até as “jornadas de junho”. Se o PSDB atacou o Hip Hop e a periferia, um como extensão do outro, o PT continuou atacando a periferia, porém botando o boné e a calça larga do Hip Hop na cabeça do governo.

Basta verificar os índices de homicídios entre jovens pretos e pobres para constatar o quanto o vermelho dos 10 anos da estrela petista na periferia é sinônimo de sangue derramado da juventude negra. No período de 2002 a 2012 divulga-se no Brasil uma quase estagnação nos dados sobre homicídios. Acontece que essa situação decorre de uma queda aproximadamente 33% entre os jovens brancos, enquanto entre os pretos cresceu 23,4%. A diferença é 56, 4%. Entre os 12 e 21 anos a taxa entre os negros sai de 2,0 homicídios para cada 100 mil habitantes para 89,6, aumentando em 46 vezes. Em Alagoas, a possibilidade de um jovem preto ser morto é mais de mil vezes superior ao de um jovem branco. O PT, simplesmente, deixou os jovens pretos pobres da periferia sem direito a juventude e quiçá á vida.

Para isso foi importante amordaçar a Cultura Hip Hop mais politizada do mundo. O próprio Banco Mundial expressou em seus documentos a preocupação com o crescimento das favelas e da exclusão social dos jovens na América Latina. Pense esses dois problemas no Brasil sem ligá-los suficientemente ao Hip Hop? Simplesmente impossível! Certamente jovens artistas engajados e com forte influência de massa surgirão no Brasil. O debate em aberto é se teremos condições de avançar do individualismo artístico para a organização coletiva.

Nessa condição, o consumo consolida-se como a forma de expressão mais forte e presente, sobretudo nos grandes centros urbanos. A própria arte passa a ser ressignificada e vista como meio de produção e objeto de consumo. Corre, assim, o risco de perder a condição e a capacidade de revelar e traduzir a alma humana, suas contradições e riscos. De sua condição única e insubstituível de dar forma à utopia, passa a mera reprodutora de um sistema que o incapacita para o exercício desse olhar mais agudo e sensível.

*Bob Controversista é Diretor de Cultura da Unisol SP, Presidente na Associação Cultura e Educacional Movimento Hip Hop Revolucionario – MH2R e da Cooperativa de Arranjos Produtivos e Comercio Justo e Solidario Rede Nacional das Casas da Cultura Hip Hop

** As opiniões apresentadas nesse artigo são de responsabilidade do seu autor.