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Amazonas começa a produzir material didático para escolas indígenas

Professor Alfredo Coimbra, da etnia baré. Imagem: José Farias/Seduc

Professor Alfredo Coimbra, da etnia baré. Imagem: José Farias/Seduc

Material didático é bilíngue e leva em conta especificidades e tradições de cada etnia

Começou nesta semana, em Manaus, o processo de elaboração de material didático específico e bilíngue para cada uma das 29 escolas indígenas estaduais do Amazonas. Cerca de 40 professores e técnicos participam de uma oficina de capacitação para a produção do conteúdo, que vai levar em consideração as especificidades das etnias e suas tradições.

A ideia é construir, junto com a população indígena, os professores, os gestores e toda a comunidade, material específico da etnia, da língua indígena da comunidade em que ela está inserida no estado do Amazonas”, explicou o gerente de Ensino Fundamental da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Eriberto Façanha. “Produzir um material próprio para o índio, para que ele possa ter sua cultura, seu contexto, sua história e toda uma dinâmica da própria população indígena”, acrescentou Façanha.

Segundo a técnica da Gerência de Educação Escolar Indígena da Seduc, Doroteia Bindá, o material está sendo elaborado com base na matriz curricular indígena que foi definida no ano passado e atende a uma reivindicação dos próprios indígenas. “A primeira coisa que eles pedem é em relação à língua indígena, que seja trabalhada.” De acordo com Doroteia, essa matriz de referência dos povos já inclui o idioma, prevendo que os conteúdos sejam trabalhadas na língua yanomami, na tikuna e em outras.

Saberes tradicionais

Doroteia acrescentou que os indígenas também pediram que o material inclua os saberes tradicionais da região, as formas próprias de educar de cada povo, a oralidade, o trabalho, as crenças e as memórias deles. “Isso porque, muitas vezes, os livros que eles recebem do Ministério da Educação (MEC) não estão contextualizados com essa realidade”, disse a professora.

A matriz curricular indígena prevê disciplinas como língua indígena, língua portuguesa e conhecimentos tradicionais, matemática e conhecimentos tradicionais, ciências e saberes indígenas, práticas corporais e esportivas e direitos indígenas.

Material didático bilíngue ajudará estudantes a compreender conteúdo escolar, diz o professor Alfredo Coimbra, da etnia baré, que destaca também a importância da preservação da cultura e mitos indígenas

Para o professor indígena Alfredo Coimbra, da etnia baré, o material didático bilíngue ajudará os estudantes a compreender o conteúdo escolar.

“É importante, porque a língua, em si, faz uma comunicação diferente, se for pensar no português, porque, no meu pensamento, na minha língua, tem outro significado. Então, é importante que, primeiro, eu passe a estudar minha própria língua para conhecer meus mitos, minha cultura, e só depois aprender a língua portuguesa, que seria minha segunda língua, para eu estar nos meios social, cultural e econômico, que são de grande importância também”, afirmou o professor.

Atualmente, cerca de 6 mil estudantes estão matriculados nas escolas estaduais indígenas. O material didático que está sendo produzido contempla cada série dos ensinos fundamental e médio.

Fonte:Agência Brasil