Daniel Vaz: O mundo anda preocupado com o Brasil, e tem bastante razão

Pulicado por Redação em abr 28, 2016

Os últimos dias parecem estar meio melancólicos no país. Independente da posição política das pessoas, o momento é de relativa resignação daqueles que defendem a manutenção de Dilma Rousseff na Presidência da República, encaminhando-se para ser retirada temporariamente do cargo pelo Senado, e de inibição de grandes comemorações por parte daqueles que entendem a saída dela como a solução para os problemas pelos quais sofre o nosso país, talvez porque entenderam em pouco tempo o que pode significar a dupla Temer-Cunha na cabeça de 2 dos 3 poderes estabelecidos pela nossa República.

Um outro fator bastante comentado no último período foi a repercussão e interpretação internacional expressadas por organizações, governos e veículos de comunicação, que em grande maioria manifestaram-se críticos à forma como o processo de julgamento da Presidente da República vem sendo conduzido, nos bastidores, em público e por parte da justiça brasileira. Manifestações diversas vem contestando a retirada de Dilma e construindo, por consequência, um alarme global sobre a situação do Brasil. Essa parece ser a nova arena a ser ocupada nesse exercício de retórica e ação política dos agrupamentos políticos, partidários e movimentos sociais envolvidos nesse processo.

Chama bastante a atenção o silêncio atual das autoridades envolvidas na Operação Lava-Jato. Há quanto tempo não temos notícia de novas prisões ou de fatos novos decorrentes desse trabalho de investigação? Por que o silêncio do juiz Moro e sua equipe depois da votação recomendando o impedimento da Presidente Dilma a respeito das ameaças concretas de impunidade para figuras como, por exemplo, Eduardo Cunha, apenas o símbolo de uma infinidade de políticos envolvidos nos casos de corrupção noticiados até agora?

A indignação seletiva é um problema sério a ser resolvido pela sociedade brasileira, e pelo jeito que as coisas se encaminham, deveremos começar a sentir um dos inúmeros efeitos desse posicionamento conveniente de fulanizar os problemas que vivemos, ao invés de buscar caminhos mais consistentes para enfrentar as mazelas do nosso país. Poderíamos alcançar resultados mais consistentes com a convocação de uma reforma política democratizadora e moralizadora dos processos de participação existentes, a aprovação de leis mais severas e efetivas para o combate à corrupção e o combate às regalias que estão disponíveis às castas do Judiciário.

O efeito de tudo isso pode ser parecido com aquele de quem toma um remédio para solucionar o efeito da doença, mas não se preocupa com a sua causa. Em um momento seguinte, a dose do medicamento pode não ser suficiente, e a enfermidade pode ficar sem controle.

Diante desse quadro confuso, vale a pena escutarmos as opiniões de quem enxerga os problemas pelos quais estamos passando de uma maneira mais distanciada, colaborando para que essa situação possa gerar a construção de alguma saída para esse momento histórico que não nos leve ainda mais a processos mais duros de retrocesso social, político e econômico. 

* Daniel Vaz é Mestre em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero, fundador da ONG Opção Brasil, representando a mesma na Secretaria Executiva da Seção Brasileira de Participação Social da Unasul – União Sul-Americana de Nações, e Mercosul – Mercado Comum do Sul. Desempenha também as funções de Coordenador-geral da UNIJUV – Universidade da Juventude e de Vice-presidente da AUALCPI – Associação das Universidades da América Latina e Caribe pela Integração.

** As opiniões apresentadas nesse texto são de responsabilidade do seu autor.