NO CENSO 2010, AFIRME SUA NEGRITUDE. “Moreno/a não, eu sou negro/a!”

A Bamidelê – Organização de Mulheres Negras na Paraíba há dez anos pauta as questões racial e de gênero na Paraíba, através da denúncia do racismo e da afirmação da identidade negra, contribuindo para a elaboração de políticas públicas de ações afirmativas. Neste ano, lança a Campanha Eletrônica: “No Censo 2010, afirme sua negritude. Moreno/a não eu sou negro/a!”, como parte de suas estratégias políticas de enfrentamento ao racismo e promoção da igualdade racial no estado.

Retomando a campanha publicitária de 2009, intitulada Campanha de Promoção da Identidade Negra na Paraíba, a Bamidelê reconhece a importância de afirmar a identidade racial como forma de valorização da diversidade e de recuperação da auto-estima da população negra. A organização visa estimular a declaração da característica cor ou raça no censo 2010 para positivar a presença do segmento negro na sociedade e assim contribuir na formulação de políticas de ações afirmativas.

A campanha se une a outras iniciativas realizadas no país, tais como a campanha “Não deixe sua cor passar em branco” (1991) e a campanha “No Censo 2010: Quem é de axé diz que é”, dando continuidade à luta do movimento negro da década de 1970 de denúncia do falso “mito da democracia racial” e de exposição da realidade de profunda desigualdade racial no Brasil.

Acreditando na estratégia de pautar a mídia eletrônica, como espaço  de forte integração global, apresenta a campanha no “Censo 2010 – Afirme sua Negritude – moreno/a não, eu sou negro/a!” na perspectiva de gerar uma crescente afirmação da identidade negra, assim como contribuir para o reconhecimento do racismo nas relações sociais e a importância das políticas de ações afirmativas.

O Censo e o quesito Cor e raça

O censo representa a mais extensa forma de coleta de dados por envolver todos os domicílios e habitantes do Brasil permitindo a construção de um possível retrato da população brasileira. Sua realização pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, criado em 1937, é legitimado pela lei n 5.534/68, na qual torna obrigatória a prestação das informações assim como assegura o sigilo das mesmas.

Suas informações, colhidas de dez em dez anos, são importantes uma vez que subsidiarão os gestores públicos na formulação de políticas públicas, na melhoria dos Serviços Públicos, além de contribuir para embasar a luta política de vários movimentos sociais. Este ano o censo entrará na sua XII edição com a utilização de novas tecnologias, o que facilitará ainda mais os seus trabalhos.

Essa pesquisa de grande relevância pública traz informações que permitem o estudo das características da população, dentre estas o quesito cor ou raça, que sendo categorizada contribuirá na construção de políticas de ações afirmativas, assim como no reconhecimento dos vários grupos étnicorraciais formadores da sociedade brasileira.

A importância de afirmação da identidade étnicoracial tem um sentido político, histórico e valorativo, uma vez que fazendo parte de um luta política, contribui para a desconstrução das bases constitutivas do racismo, mantenedora de uma cultura escravagista e colonialista de formação da sociedade brasileira. Reconhecer a heterogeneidade da população brasileira é valorizar uma cultura de respeito à diversidade, assim como reconhecer as particularidades de sua população de forma a garantir direitos historicamente negados com a formulação de ações afirmativas.

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