Olimpíadas aumentam interesse dos estudantes por física e matemática

Se matérias como física e matemática são conhecidas como algumas das mais odiadas pela maioria dos alunos, os professores das redes pública e privada têm uma eficiente ferramenta para transformar essa rejeição em interesse: a competição. Através de olimpíadas nacionais e internacionais, com questões de assuntos trabalhados em sala de aula, os estudantes são desafiados a estudar mais do que o currículo escolar oferece para avançar nas seletivas. E os resultados não têm sido ruins.

Entre as competições de conhecimento realizadas no Brasil, as Olimpíadas de Física e Matemática são as mais tradicionais e mais populares. Só na primeira fase de física, deste ano, foram cerca de 200 mil alunos em disputa, com mais de 18.800 pernambucanos.

Para preparar os alunos para se sair bem nos testes, várias escolas têm montado uma estrutura de treinamento para os competidores, permitindo um maior aprofundamento nas disciplinas e despertando o interesse para as ciências exatas. “Esses eventos agregam muito conhecimento aos estudantes e são um importante incentivo para os alunos que querem se desenvolver nessas áreas”, afirmou Geraldo de Faria, gestor do GGE.

Pernambuco, além de participar com um volume considerável de alunos, tem conseguido resultados bastante satisfatórios. Nos últimos quatro anos, por exemplo, uma escola pernambucana foi a única do Brasil que colocou um aluno em todas as finais da Olimpíada Internacional de Física. Nos jogos de matemática, desde 1994, o Estado já levou 46 premiações nacionais em diversas modalidades. “Já conseguimos bons resultados, mas temos muito a melhorar quando nos comparamos a outros Estados que já estão mais consolidados”, declarou o coordenador da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), Rogério Ignácio.

O segredo revelado pelo atual medalhista de bronze, Filipe Rudrigues, 16, para o resultado é dedicação. “Além das aulas extras que frequento, tenho pelo menos quatro horas por dia de estudo. Eu queria muito, me esforcei muito para conseguir chegar na fase internacional”, explicou o estudante que disputou a fase internacional na Croácia, em julho, e terminou em segundo lugar na etapa nacional.

Para os professores que realizam as capacitações com os alunos para enfrentar cada etapa das Olimpíadas, esse aspecto de competitividade atrelado ao estudo é um fator de grande estímulo, que promove uma superação dos limites de cada participante. “O fato de existir uma medalha no final do torneio, com a possibilidade de fazer uma viagem para disputar uma etapa internacional, sem dúvida, é algo que muda a forma do aluno de enfrentar e estudar para as avaliações.

Além disso, eles saem mais preparados para enfrentar outros exames, como o vestibular”, disse o professor Pedro Loureiro, que trabalha no treinamento dos alunos de um colégio do Recife para as Olimpíadas de Física.

Para o aluno participar dos torneios, a escola deve primeiramente se inscrever nos comitês organizadores, pois a prova da primeira fase é aplicada pela própria instituição de ensino. Nessa configuração, a participação do professor é fundamental para que as olimpíadas possam alcançar um maior número de alunos, tornando-se mais populares. “O professor é essencial em todo o processo, sem ele nada funciona. É dele a função de divulgar a Olimpíada, conduzir os alunos para uma melhor preparação e aplicar a primeira fase”, explicou Rogério Ignácio.

A dica dos coordenadores regionais para os interessados em participar das próximas edições da competição é que haja uma cobrança desses alunos para que o professor inscreva a escola. No caso do colégio não participar, o estudante terá ainda a possibilidade de procurar os cursinhos específicos de matemática, que também aplicam as provas, ou procurar um professor de outra escola e pedir para participar. “Oferecemos essas alternativas para que o aluno não venha a perder o interesse na disciplina”, justificou Rogério Ignácio. Em 2010, 209 escolas de Pernambuco estão participando da OBM.

Para o coordenador estadual da Olimpíada Brasileira de Física (OBF), Leonardo Cabral, essas competições têm relevância até mesmo para qualificar as aulas das disciplinas exatas. “Esses eventos estimulam o professor a melhorar o nível do ensino de ciências nas escolas. Para quem gosta de física, por exemplo, participar de uma olimpíada é um diferencial muito grande, porque há um contato cedo com o tema de forma mais aprofundada.” O interesse dos alunos e professores pela OBF colocou Pernambuco como o quarto Estado no Brasil com o maior número de participantes (9% do total), ficando atrás apenas de São Paulo, Ceará e Minas Gerais.

Além dos jogos de física e matemática, são organizadas no Brasil diversas olimpíadas de conhecimento, como química, robótica, geografia (A Viagem do Conhecimento, idealizada pela revista National Geographic Brasil), história do Brasil, língua portuguesa, entre outras. O aproveitamento dessas ferramentas para criar mais interesse dos alunos pelos estudos, que em geral não têm custos, depende da iniciativa das escolas de divulgar essas oportunidades e oferecer estruturas de aperfeiçoamento dos conteúdos exigidos.

Fonte: Onda Jovem