Belas Artes renascem com os jovens criadores

 

As Belas Artes angolanas conseguiram, este ano, expandir o mercado até ao nível internacional e dar mais possibilidade aos jovens criadores angolanos de se firmarem através dos projetos Trienal e Luanda Cartoon.

Criados com o intuito de mostrar o melhor das artes angolanas, estes dois projectos ajudaram a aumentar a ebulição da cultura angolana, durante três meses e sete dias, no caso da II Trienal de Luanda e um mês, pelo Luanda Cartoon e permitiu aos estudantes de arte aprenderem um pouco mais sobre o estilo contemporâneo nos vários seminários realizados ao longo das atividades.

Expostos em várias artérias da cidade capital, os quadros, as esculturas, instalações e esboços de banda desenhada permitiram também mostrar, particularmente aos vários estrangeiros atraídos ao país pela dimensão dos projetos, a realidade angolana a partir das suas origens e na visão daqueles que mais ativamente a vivem, os jovens.

Buscando essencialmente expor elementos do quotidiano, os projetos, particularmente a II Trienal, procuraram usar a arte contemporânea por ser mais próxima das pessoas e da sociedade e por o seu maior impacto residir no conceito.

A ideia de se promover mais a arte contemporânea, segundo Daniel Rangel, curador da exposição brasileira “Três Pontes”, que esteve patente na II Trienal de Luanda, é por este estilo mostrar, com mais detalhes, a realidade atual de qualquer país, devido à liberdade de criação do próprio artista. “É uma arte que está presente nas ruas e não termina com o artista”.

“O contemporâneo é o hoje. É uma junção de tudo quanto seja expressão artística. A África tem uma produção muito forte e boa em termos de impacto, devido ao fato dos seus artistas questionarem temas super atuais que precisam ser discutidos a nível social, político, econômico e cultural. Dentro desta ideia a relação dos artistas angolanos com esta arte é rica para a sociedade”, explicou.

Com uma amálgama de várias expressões artísticas, como a dança, música e o teatro, apresentado pelos alunos da Escola Nacional de Artes, o projeto da II Trienal de Luanda trouxe, igualmente, ao país a experiência de artistas da África do Sul, Mali, Camarões, Nigéria, Egipto, Tunísia, Etiópia, Congo, Cabo Verde, Marrocos, Ghana, Argélia, Brasil, Portugal, Espanha, França e USA. Apesar das vantagens dos projetos e da sua dimensão, os artistas angolanos, assim como os produtores de arte, ainda se debateram, este ano, com o problema da falta de espaços para a realização de exposições.

A falta de atelier e a dificuldade para obtenção de trabalho continuam a ser outros dos problemas da classe artística nacional, que ainda não consegue tornar a produção de arte mais regular e causa, consequentemente, uma menor divulgação das criações nacionais e dos seus fazedores.

Resgate da arquitetura

Apesar de ser pouco divulgado, o patrimônio arquitetônico e o seu papel na história e cultura de um povo foram também realçados e bastante enfatizados este ano ao longo do projeto da II Trienal de Luanda.
Através da Campanha Reviver, os estudantes de arquitetura e alguns projetistas nacionais apresentaram, sob coordenação da arquiteta e professora Ângela Mingas, ideias de como renovar e melhor explorar a riqueza arquitetônica do país e transmiti-la às gerações vindouras.

“É preciso aproveitar este período em que o país está a viver uma revolução social e econômica, para ajudar na reintegração do indivíduo na sociedade, incutindo-lhe valores fundamentais da cultura da cidade contemporânea, mas tendo em conta sempre a sustentabilidade urbana”, explicou Ângela Mingas.

Durante os vários seminários sobre a preservação do patrimônio arquitetônico, Ângela Mingas destacou também as mudanças proeminentes na “nova Luanda” que precisam de ser analisadas, de maneira a não deturpar o valor histórico de alguns edifícios essenciais para a futura geração conhecer um pouco mais do trajeto do país, em geral e da cidade capital, em particular.

 

Fonte: Jornal de Ângola