Cabo Frio tem museu que incentiva jovens ao estudo e prepara novos surfistas

Museu do Surf de Cabo Frio

 

Um projeto socioeducativo, desenvolvido pelo Museu do Surf de Cabo Frio, está conseguindo incluir socialmente crianças e jovens do município por meio do esporte, contribuindo para retirá-los das ruas. As aulas de surf são dadas gratuitamente pelo diretor-geral e criador do museu, Telmo Moraes, que doa pranchas aos adolescentes que não têm condições de comprá-las e tiram boas notas na escola.

“Os pais têm que vir ao museu e me trazer o boletim da criança. Se ela tiver nota vermelha, não tem prancha. Alguns que chegam com nota vermelha correm desesperadamente para poder melhorar a nota. Depois, nunca mais eles apresentam nota vermelha [no boletim]. Então, eu dou a prancha”, disse Moraes à Agência Brasil.

Para motivar as crianças a estudar, ele ameaça tomar a prancha, caso as notas se tornem novamente sofríveis. “Isso tem dado um resultado danado. Eu nunca tomei prancha de ninguém. E, pelo visto, nunca vou tomar, porque eles correm para estudar para não perder o benefício”.

O museu aceita doações de pranchas para o projeto, mas Moraes disse que poucas são doadas. Não passam de 1,5% por mês dos lotes que ele adquire para enriquecer o acervo do museu.

O Museu do Surf é o único no país com acervo próprio. Foi criado por Telmo Moraes há 13 anos, quando ele constatou que as paredes de sua casa já estavam com 21 pranchas que contavam boa parte da história do surf brasileiro e mundial. Hoje, há 511 pranchas no acervo.

O projeto envolve toda a família do surfista. Em um espaço no local, cursos ensinam a recuperar pranchas e são dadas palestras sobre o esporte. O filho de Telmo, Caio Teixeira, campeão estadual e bicampeão brasileiro de longboard, recebe os turistas no museu e os leva para uma “viagem pelo mundo”, contando as histórias de cada prancha ali exposta.

Atualmente, o museu ocupa um espaço alugado pela prefeitura. Este ano, porém, deverá ganhar sede definitiva. “Parece que está tudo bem encaminhado para isso”, disse Moraes. No início deste ano, o prefeito da cidade, Marcos da Rocha Mendes, manifestou-se disposto a instalar o projeto em um local definitivo, por sua importância para o esporte brasileiro e turismo local. “Cabo Frio é uma cidade turística. E o museu é mais um atrativo”, afirmou.

O secretário estadual de Turismo, Ronald Ázaro, também destaca a importância do museu para o turismo fluminense e brasileiro. “Estamos com um calendário esportivo muito grande, e o momento muito bom para que projetos com essa dimensão tenham desdobramento e apoio.”

De acordo com o secretário, existem fontes de recursos que que podem beneficiar o projeto, tanto na área do turismo quanto na de ação social, cultural e de empregabilidade.

A visitação ao museu é gratuita e o empreendimento não gera renda para seu criador.

 

Fonte: Jornal do Brasil