“…, meio e fim.” por Felippe Cronemberger

curriculo

Certa vez, em uma conferência nos EUA, encontrei um colega com que tinha trabalhado em um projeto da universidade. Ele trabalhava no departamento de Atração de Talentos de uma grande rede de supermercados e recrutava para posições do nível de estagiário até executivos. Perguntei a ele quais seriam as maiores dificuldades dele na hora de contratar. Ele me disse que contratar executivos e estagiários tem níveis de complexidade diferentes. Meio que intrigado, perguntei a ele qual seria a grande dificuldade em selecionar estagiários, já que dinâmicas de grupo, testes psicológicos e entrevistas costumam ser bastante eficientes como métodos para identificação de talentos. Como resposta, obtive um comentário muito interessante, que me levou a refletir: “O tamanho dos currículos desses estagiários reduziu-se a um nível muito enxuto. Faltam parâmetros para determinar num processo inicial de avaliação o que o candidato quer e até como se enxerga. A maioria quer trabalho, não necessariamente carreira. Enviam um currículo de qualquer jeito, sem nenhuma experiência ou absolutamente nada, como se estivessem colocando a carta do vizinho debaixo da porta, sem interesse pessoal nenhum”.

Isso ficou ecoando na minha cabeça, e não foi por pena do recrutador: foi por pena do candidato mesmo. Ao passo que a competitividade só aumenta, a gente vê jovens de uma economia gigante como a dos EUA se perdendo na etapa mais importante: a apresentação da história.

“Não tem problema se a história é curta. Mas não é possível que um rapaz de 18 anos não tenha participado do grêmio do colégio, publicado nada em um jornal de bairro, ou se destacado em alguma atividade esportiva na colônia de férias”, continuou meu colega.

Obviamente, a idéia aqui não é criar ou estimular uma enxurrada de informações, mas que tragam algo com substância. Seus hobbies e idiomas de interesse podem ser um bom começo e vão ajudar a definir o que você é. Com o tempo, é hora de editar e diminuir o que perde a relevância ou o que se afasta do seu foco e expectativas.

Toda a história tem um começo, e ninguém espera que o começo seja empolgante ou denso. O começo só precisa existir.

 

Felippe Cronemberger

Felipe__Cronemberger11-150x150* Felippe Cronemberger é bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestre em Administração de Empresas pela University at Albany em Nova Iorque. Atuou em diversos projetos nos EUA além de ter acompanhado o recrutamento de jovens e profissionais experientes em diversos segmentos. Suas especialidades são pesquisa em tecnologia e inovação para Recursos Humanos, ensino, educação corporativa e práticas multidisciplinares para desenvolvimento da força de trabalho e da organização.