Estudantes Estrangeiros Dizem Ser Explorados em Fábrica de Chocolates Hershey

Estalou a polémica no estado da Pensilvânia nos EUA. Um grupo de estudantes estrangeiros insurgiu-se contra as condições de trabalho numa fábrica de chocolates Hershey e, num ato de protesto, abandonou em bloco as instalações.

De acordo com os estudantes, o programa de intercâmbio cultural em que se encontram tinha-os transformado em mão-de-obra barata e desprotegida que companhias como a Herschey aproveitavam para conseguir maiores lucros.

O programa de intercâmbio do Departamento de Estado americano J-1 traz estudantes estrangeiros para os EUA, por um período de dois meses, para trabalhar e aprender inglês. A criação do programa teve como intuito preencher vagas de emprego durante o Verão em cidades costeiras e, ao mesmo tempo, dar a oportunidade a jovens doutros países de ganharem algum dinheiro e experienciarem o “american way of life”.

Porém, a realidade revelou-se pior do que o sonho.

O programa está a dar prejuízo aos estudantes

De países tão diversos como a Roménia, a Turquia ou a China, 400 dos jovens deste programa foram postos a trabalhar na fábrica da Hershey, na cidade de Palmira, a carregar caixas e embrulhar milhares e milhares de chocolates, a maioria no turno da noite.

Após terem que suportar despesas relacionadas com o visto, o programa e a renda das casas de 400 dólares, muitos dos estudantes, revelaram em declarações ao “New York Times”, que o salário de 8,35 dólares estava a dar-lhes prejuízo. Muitos queixam-se ainda de não estarem a aproveitar o que o programa supostamente oferecia.

“Não há qualquer troca cultural, nenhuma, nenhuma”, afirmou Zhao Huijiao uma estudante de relações internacionais de 20 anos da China, que revelou ter pago mais de seis mil dólares só pelo visto.

Já Harika Duygu Ozer uma estudante de medicina de 19 anos da Turquia, falou sobre as condições de trabalho da fábrica. “Estamos sempre de pé durante oito horas”, confessa. “É a pior coisa para as mãos, os dedos e as costas”.

A união faz a força

 

Tendo em conta a situação que viviam, os jovens decidiram que uma “greve” era a melhor forma de protesto. Assim, no passado dia 17, os estudantes que começavam o turno da noite às três da tarde juntaram-se aos que estavam a sair e orquestraram uma grande manifestação em frente à fábrica. Empenhando sinais de ordem em inglês e nas diversas línguas nativas, os jovens começaram a gritar, “nós somos os estudantes, os poderosos estudantes”.

O protesto chamou a atenção do Departamento do Estado que, através de John Fleming, disse ao “New York Times” que já se tinha mandado funcionários à fábrica para investigar as reais condições em que trabalhavam os estudantes.

No entanto, a ação do Governo tem sido duramente criticada por algumas associações laborais que têm prestado apoio aos estudantes, uma vez que há conhecimento de casos do aproveitamento de jovens do programa J-1 e de uma atuação pouco efetiva do Departamento do Estado.

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