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Jovem português cria organização para levar crianças à escola em zonas de conflito

Imagem: EPA/Wael Hamzeh

Imagem: EPA/Wael Hamzeh

O primeiro objetivo é a construção de um espaço de recreação numa escola no Vale do Bekaa, no Líbano

O português José Figueiredo criou uma organização sem fins lucrativos para aumentar o número de crianças que vão à escola nas zonas de conflito armado: a primeira conquista será a construção de um recreio no Líbano.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 40% das crianças que não vão à escola vivam em regiões de conflito armado e é precisamente para combater esta estatística que a organização ‘A Book Can Change’ existe, dando seguimento ao quarto Objetivo do Milénio da ONU de garantir que, até 2030, todas as crianças completam o ensino primário e secundário de qualidade.

José Figueiredo, 27 anos, tem no percurso paragens em vários continentes: em 2011, foi para Londres, depois para São Paulo, onde em 2013 lançou a sua primeira empresa tecnológica. Já com vontade de regressar à Europa, foi para Berlim e as pessoas que ali conheceu levaram-no para a Nigéria, onde instalou uma empresa de comparação de serviços financeiros.

Já no final de 2015, decidiu que era tempo de voltar a Portugal e de “usar as [suas] capacidades para lançar um projeto com um impacto social”, concluindo que educação e guerra são dois temas que lhe interessam e que era aqui que queria atuar.

“A educação foi algo que sempre tive como garantido, nunca sequer pensei o que seria não ter tido educação. E, quando percebi que há crianças que nunca terão oportunidade de ir à escola, vi que estas crianças ficam entregues ao destino”, afirmou, acrescentando que “a maior barreira à educação hoje em dia tem a ver com conflito armado”.

Foi com estas duas realidades na cabeça que começou a idealizar a ‘A Book Can Change’, uma organização sem fins lucrativos que acredita que um livro pode mesmo fazer a diferença.

O primeiro objetivo é a construção de um recreio numa escola em Bekaa Valley, no Líbano, junto à fronteira com a Síria, onde José esteve em dezembro de 2015. Atualmente, o Líbano acolhe mais de um milhão de refugiados sírios e cerca de metade são crianças.

Mas, antes de ir, houve um caminho a percorrer, que será replicado em todos os projetos. O primeiro passo é identificar uma região em conflito e as organizações que lá operem e que forneçam serviços educativos semelhantes.

Em causa estão construções de escolas, banheiros e recreios escolares, e ainda o financiamento do percurso escolar de alunos ou de formação a professores.

Selecionado o projeto, a ‘A Book Can Change’ vai ao local, faz um documentário e depois promove o projeto na sua plataforma ‘online’ para angariar os fundos necessários.
Esta plataforma ‘online’, que está agora em fase de construção, é um ‘site’ de “doação direta” para as causas apoiadas, “mas tem uma característica exponencial de doação”, conta José Figueiredo, dando um exemplo de família.

“Quando a minha mãe fez 50 anos, convidou os amigos e à entrada do restaurante colocou três caixas, uma para cada instituição. No convite, disse que não queria presentes e pediu aos amigos para fazerem uma doação para uma das instituições”, relatou José, concluindo que “a ideia é pegar neste conceito e passá-lo para o digital”.

Ou seja, quem quiser financiar a construção de uma escola nestes locais pode fazer um donativo diretamente, mas pode também criar um perfil, definir um objetivo monetário e convidar a sua rede de contactos a doar também para que, juntos, cumpram aquele objetivo.

Angariado o dinheiro, começa a fase da construção – nove meses para uma escola, por exemplo – e depois, passado este tempo, há uma nova visita para confirmar que o projeto foi executado e para realizar “um relatório detalhado” para os financiadores.

Questionado sobre onde quer estar daqui a três anos, a resposta de José foi simples: “Eu não sei onde quero estar, mas quero que a ‘A Book Can Change’ esteja a funcionar perfeitamente, a construir muitas escolas e a levar muitas crianças para a escola”.

Com informações do Diário de Notícias/Portugal