Arte e cultura transformam a vida de jovens na Terra Firme

“Sou um prova de como pode haver transformação social através da arte e da cultura. O teatro me levou a espaços onde eu tinha medo de entrar devido a minha posição social e cor; me mostrou que eu poderia ter uma profissão e, ainda, poderia ajudar outras pessoas”, declarou Maria Alves, arte educadora e integrante do projeto social Casa de Cultura da Terra Firme.

Aos 11 anos, ela passou a integrar o grupo de teatro do bairro da Terra Firme, que há 35 apresenta o espetáculo Paixão de Cristo. Hoje, aos 37 anos, é ela quem ensina aos jovens do bairro que podem transformar sua realidade. Nomes como a soprano paraense Adriane Queiroz e integrantes da trupe Palhaços Trovadores também fizeram parte desse projeto.

“Apenas este ano recebemos o apoio do governo do Estado nesse projeto, o que é de fundamental importância, pois estabelece uma relação entre comunidade e o poder público. Esse apoio quebrou a barreira que havia entre o Estado e a nossa comunidade, proporcionando um diálogo com o Estado”, afirmou Cláudia Silva, membro da Casa de Cultura da Terra Firme, local que integra vários projetos socioeducacionais, entre eles o de teatro. Segundo ela, o principal objetivo do projeto é transformar os jovens pelos encantos e descobertas oferecidos pelas manifestações culturais.

Espetáculo – Atualmente, o grupo conta com a participação de 80 jovens, na faixa etária de 8 a 18 anos. Todos trabalham para a apresentação do espetáculo Paixão de Cristo. “Este ano, a preparação está sendo especial, pois pela primeira vez estamos tendo o apoio logístico do governo, e isso nos proporcionará um espetáculo com mais recursos, e consequentemente, mais belo”, frisou o coordenador geral da Casa de Cultura, Edimar Souza.

A estreia da peça Paixão de Cristo será no próximo dia 14 e terá apresentações entre os dias 21 e 24, na área externa da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), com entrada franca. “O maior resultado de todo esse trabalho não é o espetáculo, e sim a transformação que o projeto proporciona na vida dessas pessoas”, ressaltou Cláudia Silva.

O governo do Estado incentiva o projeto ofertando oficinas de interpretação de texto, dicção, preparação corporal e direção teatral. As capacitações são gratuitas e acontecem no ginásio da Ufra. Dez costureiras da comunidade também recebem apoio para a criação dos figurinos. Toda a logística para a realização do espetáculo deste ano é garantida pelo governo.

Mudança – “Aqui tenho exemplos de vida, e isso serve de incentivo. Acreito que o teatro pode ser uma forma de mudar minha vida, e por isso estou aqui”, disse o estudante Ivanildo Ferraz, 16 anos, um dos integrantes do projeto. Esse trabalho é realizado com suporte do Instituto de Artes do Pará (IAP) e do programa Pró-Paz.

A participação do Estado no projeto faz parte das diretrizes definidas pelo governador Simão Jatene para combater a violência por meio da prevenção. A proposta faz parte do projeto de gestão de segurança pública, que prevê a implantação de polos Pró-Paz nos bairros e, posteriormente, a Unidade Pró-Paz (UPP).

A Unidade atua em conjunto com a Polícia Comunitária, reunindo policiais civis e militares, e técnicos do Pró-Paz, com apoio de servidores de outras áreas do governo, como educação e saúde. O público-alvo é formado por jovens de 12 a 18 anos, que serão diretamente beneficiados por ações e serviços de prevenção à criminalidade.