Fiocruz mapeia o que leva jovens e idosos às emergências

Pesquisadores do Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas) investigaram os tipos de acidentes e violências que levam jovens e idosos ao atendimento de emergência. Foi concluído que 89% dos indivíduos avaliados foram vítimas de acidentes e 11% de violência. O estudo está publicado no Cadernos de Saúde Pública, revista da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).

Foram pesquisadas 25.201 pessoas maiores de 20 anos, atendidas em 74 serviços sentinela de urgência em 23 capitais brasileiras. Do total, 89% foram vítimas de acidentes e 11% de violência. Segundo a pesquisa, os acidentes de transporte (29,8%) foram as ocorrências com maior número de atendimentos de emergência, seguidos de quedas (26,3%) e agressões ou maus-tratos (10,6%).

A quantidade de quedas e de atropelamentos foi maior entre pessoas mais velhas e, entre os mais jovens, foi maior o número de atendimentos decorrentes de acidentes no trânsito e queimaduras. “Os idosos foram vítimas de atropelamentos numa proporção três vezes maior que os mais jovens. A maior vulnerabilidade do idoso a esse acidente é provavelmente devida à perda gradual dos sentidos, da capacidade de reagir e da flexibilidade que geralmente acompanham o envelhecimento”, destacam os pesquisadores.

Os dados indicaram que os atendimentos em decorrência de violência foram significativamente menos frequentes entre os idosos, e mais frequentes entre homens, principalmente entre os que informaram ter a cor da pele não branca e os que disseram ter ingerido bebidas alcoólicas. “O consumo de álcool foi o que apresentou maior diferença por idade entre todos os atributos considerados na análise. Esse consumo foi informado por cerca de metade dos adultos vítimas de violência e por um quinto dos idosos”, explicam os estudiosos da Fiocruz.

Os resultados também apontaram que 77,5% do total de ocorrências tiveram a alta como desfecho e 42,5% dos acidentes ou violência se deram em ambiente domiciliar. “A proporção de internações foi cerca de duas vezes maior entre as vítimas de acidentes do que entre as vítimas de violência. Essa proporção foi 30% mais alta entre os idosos vítimas de acidentes do que entre os mais jovens”, comentam os pesquisadores. “Essas diferenças indicam que políticas para prevenção de acidentes e violências devem levar em conta as especificidades desses eventos na população idosa”, concluem.

Fonte: Fiocruz