Pesquisa revela que sociedade conhece as consequências do racismo

(Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos/Sindmetau)

Os levantamentos do sistema de saúde revelam que, no Brasil, os jovens negros são as principais vítimas de violências. Entretanto, a violência contra a juventude negra é pautada pela mídia na sociedade apenas por eventos transversais – como o tráfico de drogas por exemplo.

É exatamente por conta da defasagem de diálogo social que a pesquisa de opinião pública sobre violência contra jovens no Brasil merece tanto destaque. A Secretaria de Políticas e Promoção de Igualdade Racial (SEPPIR) e o Senado Federal divulgaram na última quarta-feira, dia 7/11 os resultados da pesquisa que integra a campanha Igualdade Racial é Pra Valer.

“Em 2009, foram registradas cerca de 19 mil mortes de jovens negros em contraposição a 9 mil mortes de jovens brancos. Os números se revelam por si só, mas o que incomodava era o silêncio da sociedade diante desse quadro”, afirmou a ministra Luiza Bairros durante o lançamento.

Segundo a Ministra. a pesquisa busca investigar o que é que a sociedade pensa sobre o assunto; até que ponto a sociedade se sente incomodada com a morte de tantos jovens e de tantos jovens negros.

“Um pouco mais da metade dos entrevistados concordou que a morte de um jovem negro choca menos que a de um jovem branco. São indicativos de que devemos ampliar as nossas ações para que esse tipo de clivagem deixe de existir e as mortes de jovens negros não sejam naturalizadas”, concluiu Luiza Bairros.

O presidente do Senado, José Sarney, também destacou a relevância do estudo para a formulação de políticas públicas e atuação do poder público, assim como para a percepção que a sociedade brasileira tem do problema do racismo e suas consequências.

Objetivos da pesquisa

  • Dimensionar o problema da violência contra a juventude no país, notadamente a juventude negra, na percepção dos entrevistados;
  • Dimensionar os prejuízos para o futuro e o desenvolvimento do Brasil, a partir da verificação da percepção dos impactos negativos dessa situação no conjunto da sociedade; e
  • Verificar as principais causas identificadas pela população como responsáveis pelos altos índices de mortalidade entre a juventude no país, notadamente a juventude negra.

Do total de pessoas que respondeu o questionário, 57% também se manifestaram com resposta positiva diante da frase “homicídio é a principal causa de morte dos jovens negros”. Percentual semelhante (56,0%) foi registrado para os que concordaram com a afirmação de que “a morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a morte violenta de um jovem branco”.

Caminhos da mudança

Na opinião de 36,4% dos entrevistados, a principal ação para combater o racismo deve ser a melhoria do ensino nas escolas. A mudança das leis foi assinalada por 22,7%, enquanto 20,8% consideraram suficiente a garantia do cumprimento das leis existentes. Acrescente-se que 15,7% apontaram as campanhas de conscientização e 2,4% consideraram as ações afirmativas como a principal medida que o governo deve tomar para combater o racismo.

Perguntados sobre as causas, 63,0% atribuíram a violência a aspectos sociais, enquanto 34,8% disseram ser fatores comumente associados ao comportamento juvenil de risco. Quando inquiridos especificamente sobre a principal causa de mortes entre os jovens, a maioria associou ao uso de drogas (56,2%), acidentes de trânsito (22,4%) e a assassinatos (19,8%).

A pesquisa do DataSenado entrevistou 1.234 pessoas de 123 municípios do país, incluindo todas as capitais, no período entre 1º e 11 de outubro deste ano.

com informações da SEPPIR